Empresa investigada na Operação Mensageiro lucrou R$ 8 milhões | TN Sul

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Um dos investigadores do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) disse nesta quarta-feira (16) que a empresa Versa Engenharia (antiga Serrana) recebeu ao menos R$ 8 milhões em propina na cidade de Imaruí, no Sul catarinense. Segundo o agente, a empresa tinha monopólio na coleta de lixo na cidade, e lucrou ao longo dos últimos anos.

O depoimento foi prestado na primeira audiência de instrução da operação no município, que acontece na tarde desta quarta-feira (16), no TJSC (Tribunal de Justiça de Santa Catarina).

Prefeito de Imaruí teria participado de esquema que fez Versa Engenharia lucrar na cidade – Foto: Montagem/ND

Segundo o investigador, o nome do prefeito da cidade Patrick Correa (União  Brasil) apareceu na investigação antes do relatório da primeira fase da Operação Mensageiro.

“A informação que eu tenho é de que possivelmente o próprio whatsApp foi excluído, mas os dados foram recuperados”, conta.

Foram nestas mensagens que os investigadores conseguiram identificar o modos operandi de Correa como mensageiro da Versa Engenharia.

Segundo depoimento do dia

O segundo depoimento aconteceu por volta das 15h15 desta quarta-feira. Nele, outro investigador do caso prestou depoimento para a Justiça.

O policial civil disse que não teve acesso aos conteúdos dos antigos prefeitos de Imaruí investigados, mas que com a análise do celular apreendido foi possível achar provas contra Correa.

“As mensagens relacionadas aos alvos foram apagadas. Identificamos ainda uma conversa com o mensageiro. As conversas começaram em março de 2021 e a última foi em junho de 2022”, conta.

Em conjunto com as mensagens, o policial disse que foram analisadas as chamadas telefônicas, que também identificou os momentos dos encontros com o mensageiro.

“Os locais de encontro eram um posto de gasolina, na prefeitura e em uma praça perto da prefeitura”, conta o investigador.

O prefeito morava com a mãe, e no dia da busca demorou a abrir a porta para apagar mensagens, segundo o Gaeco.

Nas conversas, que foram recuperadas pela Polícia ainda que apagadas, foram identificadas mensagens entre o político e o mensageiro da empresa Versa no dia 24 de novembro de 2022.

“Nas mensagens identificamos que entre 8h e 9h do dia seguinte [25/11] o prefeito Patrick Correa estava na prefeitura. O celular do mensageiro deu a localização próxima da prefeitura. É provável que ali foi feita a entrega da propina”, conta.

Dinheiro na sacola

Segundo o investigador, R$ 10 mil em dinheiro vivo foram encontrados no gabinete de Patrick Correa.

“Encontramos o dinheiro amarrado com elásticos dentro de uma sacola, em um armário”, conta.

R$ 10 mil foram encontrados no gabinete do prefeito de Imaruí quando a 4ª fase da Operação Mensageiro foi deflagrada – Foto: MPSC/ Divulgação/ ND

Questionado, o investigador contou que o gabinete permanecia fechado quando o político não estava no local e que o armário era de fácil acesso apenas para quem conhecia o gabinete.

Incomodado

Durante o depoimento dos investigados, Patrick Correa foi flagrado pela equipe da NDTV com ações que supostamente indicavam que o prefeito estava incomodado com as declarações.

A todo o momento o investigado levava as mãos na cabeça e cochichava com seu advogado. No entanto, o Grupo ND não pôde registrar e divulgar estas reações pois a defesa de Correa proibiu a imprensa de mostrar a sua imagem na audiência.

Correa deve prestar depoimento na sexta-feira (18) e nesta quarta-feira está apenas como ouvinte das declarações dos agentes.

Relembre o caso

O prefeito de Imaruí foi preso em 27 de abril deste ano. Corrêa é o primeiro prefeito preso na 4ª fase da operação do MPSC a ser acusado de participar do esquema de corrupção.

Da data da prisão, a casa do prefeito e a a Prefeitura de Imaruí também foram alvos de mandados de busca e apreensão. Mas, segundo o procurador do município, Luiz Carlos Rovaris, nenhum objeto ou documento foram apreendidos.

“Imaruí possui uma particularidade interessante”

O município de Imaruí chamou a atenção dos investigadores do MPSC. Isso porque, segundo o Ministério Público, é o único caso onde o atual prefeito, Patrick Correa (União Brasil), e outros dois ex-prefeitos têm ligação suspeita com o mensageiro, responsável por realizar o pagamento das propinas da Versa aos agentes públicos, conforme a investigação.

“Imaruí possui uma particularidade interessante: os contatos [nome do mensageiro] sempre foram com o atual prefeito e outros dois ex-prefeitos”, afirma o Gaeco em trecho do documento.

*Via ND+

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